Epopéia de um carrapato na praça Gina.

Um carrapato em Gina

A carrapata encontrou.

Foi só olhar pra “menina”

Que o romance rolou.

O carrapato galante,

Viera grudado ao Ralho,

Um garanhão excitante,

Como um beijar no orvalho.

A carrapata encarou

O fogoso garanhão,

Ele nela se grudou

E explodiu a paixão!

A praça Gina era boa

Tinha a grama enroladinha

Um cheirinho de sardinha

Pelo ar boiando à-toa.

Ralho era varonil

E um valente soldado

Que aprumava o fuzil

Em um combate travado.

Em seu cavalo alado,

Entrou Ralho pela Gina

Veloz, vermelho, corado

Pra cumprir sua sina.

A Gina, uma praça bela

Andava bem descuidada,

Mesmo com reza e com vela

Nunca fora visitada.

Cupido é só meio-deus,

E pra reza não dá bola,

Mas o amor é campo seu

É onde mete sua sola.

Quando Gina, Ralho viu

Teve o que de atrapalho,

Mas logo sua guarda abriu

E mui feliz entrou Ralho.

No entre e sai desvairado

O carrapato caiu

Mas pelo mato abafado,

Nem mesmo o choque sentiu.

Foi ali que o carrapato

A carrapata encontrou

Deu-lhe um amoroso trato

E a raça se multiplicou.

Pela Gina e pelo Ralho

A carrapatada espalhou;

Nem benzedura nem alho

A coceirinha curou.

Pra encontrar a família

Que lá de Gina emigrou

Uns carrapatos em fila

Um perito procurou.

Viu-se, então, que se omitira,

De Ralho a sílaba “ca”,

E que de Gina saíra

A outra sílaba: “va”.