Je suis la vache qui rit

Levito em verdes prados de poesia bacoca

Onde me delicio no sabor da língua e no cheiro do ar

Pouso ao de leve as ideias na minha boca

E mastigo-as devagar devagar devagar

Abano a cabeça e as argolas que me enfeitam

As palavras que retiro da cartola oca

E assobio aos pardais para que me leiam

E rio-me devagar, devagar, devagar

Sigo enxotando moscas de rabo no ar

Ao mesmo tempo, (ai, ai) tapo a boca

Poupando na saliva porque quero ruminar

Mas muito devagar, devagar, devagar

Tenho tempo, tenho carne, tenho palha

E tenho as ancas cheias de vaidade

Tatuadas por quem cego assim se espalha

E por mim passa devagar, devagar, devagar...