João e Maria

João é um camarada legal

Trabalha dia e noite como um animal

Ganha pouco, mas pensa em ter uma vida normal

Incansável ele segue ajudando família e irmãos e nada leva a mal

Conheceu ele a Claudiana

Menina bonita de sorrisos largos e que nada engana

Anda como fada e se veste como uma porcelana

Cabelos longos, ancas largas e seios fartos é a mulher que te faz pensar uma semana

Os dois, quando juntos, beijam o dia inteiro

É no quarto, na cama, na cozinha, na igreja, atrás da casa e no canteiro

Em dias de amasso param até a corrida do carteiro

Chegando a confundir o mundo público com um banheiro

O namoro é uma maravilha

Algo que sempre brilha

Produz endorfina e lhe retira da solitária ilha

E em uma conversa, João disse sonhar em ter uma filha

O casal já ia para anos de namoro

A mãe dela já havia pensado que João não gostava do coro

E várias vezes se escondia em choro

Não sabia ela que Claudiana é que não agia com decoro

João já havia por muito tempo pedido a bela em casamento

Sonhava, escrevia e cantava em cada momento

Sua felicidade estava em constante movimento

Até que um dia algo caiu em seu conhecimento

Um bilhete no chão de sua sala acobertava uma Claudiana não tão santa

João leu e não acreditou que a bela jovem de lábios grossos era uma anta

Pensou em Deus e percebeu que toda verdade se levanta

E a cada dia a vida se desencanta

Sem moral ele pensou em tudo acabar

Chegou mesmo em tentar se matar

Passou pela sua cabeça como é cruel amar, amar e amar

E pensar que um dia a felicidade pode chegar.

O coitado não pensava que se deixou enganar

Claudiana era um anjo que tão bela nossos olhos paravam de enxergar

Não era possível, algo ou alguém o queria machucar

Perderia ele a chance de continuar

João então decidiu a namorada seguir

Por tempo segurou o segredo para não mentir

Viveu cada momento de desespero sozinho a se ferir

E numa noite desencantada algo lhe fez sentir

Em menos de quatro horas Claudiana mais de um encontrou

Um deles era Paulo, um amigo com quem sempre contou

Claudiana beijava, sussurrava, gritava e com João um dia vendo nem se importou

Para um macho sua ação era mais que um tapa na cara, sua honra ela perfurou

Aos berros em sua casa João bêbado tudo terminou

A mãe de Claudiana se envergonhou

E entendeu porque a filha não se casou

O seu berço era bom, mas ela o envenenou

Traído, maltratado e envergonhado seguiu desamparado

Foi muito o tempo a ela dedicado

Ferido e enojado seguiu por anos magoado

Pois o amor a ele havia abandonado

Por mais de dez anos João se fechou amedrontado

Até que um dia foi na casa das tias e se sentiu novamente encantado

Mulheres lindas e maravilhosas o deixaram espantado

Amou mais de uma vez e se entregou ao órgão como um bêbado desatinado

Em um belo dia encontrou Brenda, o nome de guerra de Maria, e logo se apaixonou

Voltou a trabalhar e as lembranças largou

Jurou amor eterno e fidelidade sem fim a também bela Maria que logo pegou

Em dois anos João - com Maria - se casou

O amor ainda existe nesse mundo de solidão

João e Maria deram vida a Eduardo que nasceu tão lindo como um sultão

Bom pai João seguiu estudando, trabalhando e amando

Maria retomou os estudos e como professora já estava lecionando

Problemas todos temos: vão e voltam como o vento

Maria e José também os tinham e nas brigas o sexo sempre acabava com os corpos em um avançar devagar e lento

Em um belo dia, encontraram Claudiana, ainda bela e com dois rapazes a segurá-la em lamento

João disse, “lá vai ali um poste” e como ela dois cachorros a aproveitar o lugar do mijamento.

Maria não gostou do xingamento

Apelou para os melhores sentimentos

João pela última vez chorou

E a Claudiana, a moça linda, formosa e bela ele perdoou.

E para não cansar o leitor

João um antes sofredor

Conseguiu virar a página em um delicado amor

E só de contar esta história, é bom saber que longe da honestidade há somente pavor.