MEUS HERÓIS MORRERAM DE OVERDOSE

Andava eu na Avenida Paulista

Quando vi uma diarista

Saindo de um prédio

Com cara de tédio

Com seu radinho de pilha

Era a Mulher Maravilha

Cruel e traiçoeira sina

Que abateu nossa heroína

Limpava a cidade dos bandidos

Agora limpa banheiros fedidos

Usava sempre modelitos tão bacanas

Agora só tem sandálias havaianas

No próximo quarteirão

Eu vi deitado no chão

O homem mais forte do mundo

Em cima de um cobertor imundo

Era o Super Homem, coitado

Roto, barbudo e esfarrapado

Não acreditei no que vi

Bêbado, prostrado, ali

Um legítimo super herói

Imagem que dói

Um exemplo de dignidade

Massacrado pela sociedade

Um pouco mais adiante

Uma cena nauseante

Saiu bêbado de um bar

O Homem Aranha a tropeçar

Com a máscara na mão

Estatelou-se no chão

Um paladino da justiça

Agora comendo carniça

Um exemplo pra molecada

Desmaiado na calçada

No lixo, uma jóia rara

Um guri mijando na sua cara

E por último, pra terminar

Só mesmo vendo pra acreditar

Dois ícones na luta pela verdade

Pela honra e honestidade

Se vendendo por dinheiro

Um alcoólatra, o outro maconheiro

Numa esquina suja e degradante

Nossa dupla dinâmica e atuante

Agora trabalha na cama

Só pensa no próximo programa

Na boca do lixo, de saia e blusinha

Batman e Robin rodando bolsinha

Sigmar Montemor
Enviado por Sigmar Montemor em 11/03/2011
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