MEUS HERÓIS MORRERAM DE OVERDOSE
Andava eu na Avenida Paulista
Quando vi uma diarista
Saindo de um prédio
Com cara de tédio
Com seu radinho de pilha
Era a Mulher Maravilha
Cruel e traiçoeira sina
Que abateu nossa heroína
Limpava a cidade dos bandidos
Agora limpa banheiros fedidos
Usava sempre modelitos tão bacanas
Agora só tem sandálias havaianas
No próximo quarteirão
Eu vi deitado no chão
O homem mais forte do mundo
Em cima de um cobertor imundo
Era o Super Homem, coitado
Roto, barbudo e esfarrapado
Não acreditei no que vi
Bêbado, prostrado, ali
Um legítimo super herói
Imagem que dói
Um exemplo de dignidade
Massacrado pela sociedade
Um pouco mais adiante
Uma cena nauseante
Saiu bêbado de um bar
O Homem Aranha a tropeçar
Com a máscara na mão
Estatelou-se no chão
Um paladino da justiça
Agora comendo carniça
Um exemplo pra molecada
Desmaiado na calçada
No lixo, uma jóia rara
Um guri mijando na sua cara
E por último, pra terminar
Só mesmo vendo pra acreditar
Dois ícones na luta pela verdade
Pela honra e honestidade
Se vendendo por dinheiro
Um alcoólatra, o outro maconheiro
Numa esquina suja e degradante
Nossa dupla dinâmica e atuante
Agora trabalha na cama
Só pensa no próximo programa
Na boca do lixo, de saia e blusinha
Batman e Robin rodando bolsinha