DESABAFO

Precisava desabafar

Saí pra caminhar

Só pensava em encontrar

Alguém pra conversar

Ninguém na rua

Só a lua

Um deserto

Ninguém por perto

Andava e nada

Nenhuma alma penada

Começou a chuvarada

No meio da madrugada

Quarteirão por quarteirão

Andei até a exaustão

Só queria achar uma pessoa

Não importa se má ou boa

Quando já ia desistir

De achar alguém pra me ouvir

Avistei no meio de uma praça

Uma tremenda figuraça

Cabelos fartos e cacheados

Os ombros empertigados

Com uma roupa elegante

Parecia alguém importante

Comecei a contar de minha vida

De minha triste sina sofrida

E ele parecia tudo entender

Devia possuir grande saber

Jamais me interrompia

Ouvia com grande maestria

Que pessoa especial

Nunca achei alguém tão legal

Devia ser psicólogo

Ou doutor sociólogo

Ele me compreendeu a fundo

O maior ouvinte do mundo

O dia amanheceu tão lindo

Acordei sorrindo

Olhei para o lado

E percebi envergonhado

Expus minha alma e meu coração

Abri-me como a um irmão

E para a maior de todas as ironias

Desabafei com a estátua de Duque de Caxias

Sigmar Montemor
Enviado por Sigmar Montemor em 20/07/2011
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