DESABAFO
Precisava desabafar
Saí pra caminhar
Só pensava em encontrar
Alguém pra conversar
Ninguém na rua
Só a lua
Um deserto
Ninguém por perto
Andava e nada
Nenhuma alma penada
Começou a chuvarada
No meio da madrugada
Quarteirão por quarteirão
Andei até a exaustão
Só queria achar uma pessoa
Não importa se má ou boa
Quando já ia desistir
De achar alguém pra me ouvir
Avistei no meio de uma praça
Uma tremenda figuraça
Cabelos fartos e cacheados
Os ombros empertigados
Com uma roupa elegante
Parecia alguém importante
Comecei a contar de minha vida
De minha triste sina sofrida
E ele parecia tudo entender
Devia possuir grande saber
Jamais me interrompia
Ouvia com grande maestria
Que pessoa especial
Nunca achei alguém tão legal
Devia ser psicólogo
Ou doutor sociólogo
Ele me compreendeu a fundo
O maior ouvinte do mundo
O dia amanheceu tão lindo
Acordei sorrindo
Olhei para o lado
E percebi envergonhado
Expus minha alma e meu coração
Abri-me como a um irmão
E para a maior de todas as ironias
Desabafei com a estátua de Duque de Caxias