cata pobre

Era noite, estava parado.

Sozinho, em um ponto de ônibus.

Derrepente, uma voz a meu lado.

Chamou-me atenção

Olhei para o lado, um cara esquisito.

Vestido de branco, eu tremi de medo.

Meio fanha, perguntou pra mim.

O cara, que hora passa o banzo.

Tremendo de medo lhe perguntei

Que negocio é esse de banzo

Se eu não sei, nem mesmo o que é.

Ele olhou para mim, e respondeu.

Banzo, e o banzo meu, o cata pobre.

Aquele que carrega gente que nem tu

Que não tem dinheiro para o táxi.

E ainda ficas ai mangando de mim.

Achando-me com cara de trouxa.

Eu pensei com meus botões,

Que confusão é essa que me meti.

O cara olhava pra mim, e sorria.

Um sorriso amarelo

Até parecia, que tinha comido aquilo.

Tirou do bolso, um toco de charuto.

Encaixou num canto da boca

Acendeu, deu uma longa baforada.

Sorriu para mim e disse,

Oferecendo-me o charuto, que horror.

Pega ai cara, tira uma lasquinha.

Não consegui dizer nada, o ônibus chegou.

Subi correndo, sentei bem na frente.

Feliz da vida pensei, estou livre do chato.

Engano meu lá estava ele, sentando a meu lado.

Não agüentei, pedi licença, me levantei.

Desci do ônibus, olhei para traz.

Dei graças a Deus, ele não havia descido.

Senti-me cansado, mas fui embora a pé.

Volnei R. Braga