Os Patos

Sou um dos Patos,

De família tradicional,

Somos da época que éramos Phatos,

Retiramos uma letra para ficar menos formal.

Meu primo, homem sóbrio,

Realista e de pés no chão,

Chamado de [Sá]Pato, um finório,

Burguês com ostentação.

Um sobrinho virou acadêmico,

Prefere a coisa no âmbito racional,

Um Pato[Lógico] muito abstêmio,

Sujeito deveras intelectual.

Uma tio muito grudento,

Avarento ao extremo,

[Carra]Pato o nome do nojento,

Vive de economias o lazarento.

Temos um parente estangeiro,

Daqueles bem neurastênicos,

Reclama até de sentir cheiro,

Esse cara é o Pato[Gênico].

Semana passada soube,

Que um tio está doente do figado,

[He]Pato, não sei o que houve,

Um dia desses visito, quando cismar eu vou.

Um que é agregado,

Chama Pato[Cho],

É por certo discrminado,

Sofre feito louco.

Uma prima era toda esquisita,

Medo disso e daquilo,

É a complicada Pato[Fobia],

A vida pra ela é extremo risco.

Também uma irmã minha,

Adora tudo imitar, uma simulada,

Muitas vezes me irrita a Pato[Mímica],

Noutras época fica séria e toda recatada.

Toda casa tem um fofoqueiro,

Aqui é o tio Pato[Forético],

Tipinho bem bisbilhoteiro,

Ainda assume ar de profético.

O avô, ancião e patriarca,

Epíteto bonito, Pato[Crônico],

Até hoje não se abala,

Austero, nas palavras é parcimônico.

Esse simples e sincero narrador,

Que gosta de expor com detalhes,

Chama-se Pato[Gnomônico], ao dispor do leitor,

Termina aqui essa Patogenia de pura excentricidade.