CALADO FEITO POBRE NA CHUVA

Era uma tão bela menina

De doce olhar que fascina,

Debaixo de sua sombrinha,

Conversava com uma amiga

Ao som da chuva, a cantiga,

Como se falasse sozinha.

Debaixo de uma marquise,

Protegendo-nos daquela crise,

De um tremendo temporal

Que molhava a sua calça jeans,

Que nem tinha o glamour dos cetins,

Mas tinha um glamour natural.

Seus olhos pretos, delineados,

Voltados para mim, calados,

Como se eu não existisse

Pra ela eu fui transparente,

Como se eu não fosse gente,

Foi tudo que seu olhar disse.

Diante daquela formosura

Molhando a sua linda figura,

Aguardando o mais longo estio,

Esperando pelo seu transporte

Como se não existisse a morte

Naquele dia sombrio.

E a chuva nos punha mais perto

Quando apertava em céu aberto,

Ela chegava e se protegia,

Eu chegava e olhava simplesmente,

Calado, prostrado e indolente

Era sua inércia que eu via.

Era um festival de guarda chuvas

Debatendo-se em tapas de luvas,

Num "salve-se quem puder",

E eu olhava somente a beleza

Que lhe dera a mãe natureza

Ao desaguar, em mim, linda mulher.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 03/12/2011
Reeditado em 24/07/2013
Código do texto: T3369310
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