O DESABAFO DO PERNILONGO

***

Vou embora minha gente
Que a coisa tá de lascar
A pobreza está tamanha
Que sangue até vai faltar,
Tó pegando a estrada
Em busca de outro lugar.
...
Não quero morrer de fome
Neste mísero lugar,
Por aqui não houve inverno
E a coisa vai apertar...
O feijão está em alta,
E até água vai faltar!
...
Se é pra ficar aqui
E ver o povo clamar
Por comida e por bebida
E ver o poder calar,
Prefiro pegar a estrada
E morrer em outro lugar.
...
Quando aqui não há inverno,
Dá desgosto até falar...
A água fica barrenta
E a gente fica a penar
Vendo o gado passar fome
Na pastagem a definhar,
...
E eu que sou sanguinário
Como um POVO, acolá...
Que suja os cofres públicos
Sem um vestígio deixar,
Vou picando o pé no mundo
Pro "PODER" não me "CAÇAR".


***

Ps. Inspirado na seca medonha que assola os interiores Cearenses.
Vantuilo Gonçalves
Enviado por Vantuilo Gonçalves em 11/06/2012
Reeditado em 11/06/2012
Código do texto: T3717823
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.