O MORTO VIVO

Este caso que vou contar

Foi um fato verdadeiro

Aconteceu há muito tempo

Num povoado mineiro

Já tem muito tempo

Que esta história aconteceu

Eu ainda era menino

Quando este meu primo morreu.

Sua doença era terminal

Sabia que iria morrer

Chamou a mulher Lavina

E esta ordem lhe deu.

Funerária nesta época

Ainda não existia

Só mandava fazer o caixão

Depois que a pessoa morria.

Então este meu primo Valu

Disse pra sua mulher

Vai lá na carpintaria

E conversa com o José.

Manda ele vir aqui em casa

Tirar as minhas medidas

Eu sei que vou logo morrer

Quero o caixão adiantar.

Sua mulher obedeceu

Cumpriu a ordem recebida

Conversou com o José

Que foi logo tirar as medidas.

Mas a Lavina não lhe contou

Que o valu ainda estava vivo

Ele entrou bem tranqüilo

Sem temer nenhum perigo

Tirou a treina do bolso

Ia começar sua medição

Era amigo do doente

Pra quem ia fazer o caixão.

Tranqüilo estava o valu

Um bom sono a dormir

As mãos cruzadas no peito

Nem a respiração dava pra ouvir.

Na posição que estava

O José que de nada sabia

Começou a tirar as medidas

Pra levar pra carpintaria.

Quando começou a medir

De repente o valu acordou

O José levou um grande susto

Quando o doente o cumprimentou

O José saiu correndo

Até a treina lá esqueceu

Valu ficou irritado

Na hora que ele correu.

Chamou a sua mulher

Perguntou porque razão

O Zé saiu correndo

Sem tirar as medidas do caixão.

Nesta hora que foi lembrar

Que ao dar o recado ao carpinteiro

Que o marido estava vivo

Se esqueceu de contar.

Foi procurar o José, de novo

Depois da bronca que levou

Mas não mais o encontrou

Fugiu, uma semana depois voltou.

Poucos dias depois

Seu marido veio a falecer

Procurou uma pessoa qualquer

Que um simples caixão improvisou.

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