METAMORFOSE...
METAMORFOSE
Era um sujeito legal,
Vou chamá-lo aqui de João.
Bom marido e profissional,
Um honesto cidadão.
João de Tal,
Amava a sua cidade,
Sua cidade natal.
Lá passou infância e mocidade
E a união matrimonial.
Mas andava chateado,
As coisas não iam bem,
Município mal governado,
Tratado com desdém.
Aquelas promessas constantes,
De uma lista comprida,
Ditas sempre em palanques,
Nunca eram cumpridas...
E o João não se conformava
Com aquela situação,
Pois ali ele morava
E exercia a profissão.
Ficava sempre a pensar,
" Como mudar tudo isso ?
Tenho que solucionar,
Não posso ficar omisso."
Foi aí que, decidido
Resolveu se candidatar,
Contra seus entes queridos
Para tudo melhorar.
Enfrentou a resistência,
Mas com o apoio de amigos
E a sua persistência
Acabaram por ganhar.
Filiou-se num partido,
Lançou candidatura,
E, por ser bem conhecido,
Ganharia a Prefeitura.
Campanha bem sucedida,
( O povo queria mudar...)
Com a vitória conseguida
Passaria a governar.
Primeiro dia de gestão,
Entra no gabinete,
E, qual um sovete
Quase derrete no chão.
É que no canto da sala,
Não é de se acreditar,
Havia um baú que fala,
Coisa de encabular.
E ele estava lotado,
Com dinheiro do herário,
Dizendo ao empossado :
- Meu caro, não seja otário...
Ninguém está vendo a gente,
Leve quanto desejar,
Chega de ser carente,
Faça a vida melhorar.
Não tenha nenhum medo, não,
Já estou acostumado
Com tanta corrupção,
Nunca vi um condenado,
Nem aqui, nem na nação.
E o João indignado,
Não responde à proposta,
Finge ter ignorado,
Vira ao baú, de costas.
Mas o baú, no dia-a-dia,
Voltava a desafiar,
O João sempre resistia
Tinha um nome a honrar.
Mas diz o velho ditado :
" Água mole em pedra dura,
tanto bate até que fura ".
E, conformado, o João,
Transformou a Prefeitura
No seu maior " ganha pão ."
Formou grande patrimônio,
Malandragem em grande dose,
E, amigo do demônio,
Fèz-se a metamorfose...
Auro
25-7-12