Vaidade
Eu não nasci prá ser loira,
Tenho a alma morena.
E não serão litros de
água oxigenada,
Que deixarão mais belas
Minhas indefectiveis melenas.
Mas às vezes,
Gosto de brincar,
Não me custa mudar,
Só prá o tédio espantar.
E num passe de mágica,
Os cabelos clarear.
Porém, sei que não enganarei
A alma será a mesma.
E a cabeleira será apenas um falsete,
Um drible na monotonia,
De um ou dois dias.
Depois, tudo voltará ao normal.
O espelho denunciará
A implacável constatação.
Mudanças no visual
Não mudam nada!
São meros subterfúgios,
Tentativas meio vãs
De enganar o calendário.
Imortalizar a imagem
Que, indiferente,
Fenece a cada aniversário.