Os pingos nos is

E lá se foi embora, sem palavra...
Nada! Só uma folha de papel,
um penico vazio, um anel...
uma pequena mosca e sua larva.

Fiquei, a ruminar a minha parva,
tentando digerir cruel dilema,
enquanto escrevia este poema
e a mosca bateu asas com a larva.

E assim, cada vez mais na solidão,
de bico no penico (qual pavão)
fiquei a imaginar o que perdi.

E, enfim, cheguei a triste conclusão,
que a merda deste velho coração
não sabe pôr o pingo sobre o i.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 11/04/2014
Código do texto: T4765355
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