CARRO VÉIO

Comprei um carro bem antigo

de um parente,e vizinho meu,

esse carro , tava precisando de abrigo,

desligado, o motor já ferveu.

Tinha só um resto de motor,

e andava mais só na primeira,

a tristeza era o radiador,

vazava mais que uma peneira.

Nos dias em que chovia,

era mais seguro andar a pé,

pela água que tanto caía,

não engatava mas nem a ré.

Para choque? Mas nem pensar,

esse carro era de dar dó,

pneu? Era uma câmara de ar,

porta amarrada com cipó.

Para ligar, só na base do tranco,

por que não tinha bateria,

para brecar, era só no barranco,

pedal de freio nem existia.

Lá na baixada da esquina,

ele andava como um carrão,

mas como gastava gasolina,

gastava mais que avião.

Seu porta mala esbugaiado,

parecia mais com um balaio,

o documento? Tudo atrasado,

desde os tempos do zagaio.

Quando a limpeza ia fazendo,

achei uma coisa estranha,

pois tive que sair correndo,

ao ver o porte da aranha.

Não tinha nem escapamento,

mas nem mesmo amortecedor,

por ficar só no relento,

nunca descobri a sua cor.

Liguei ele lá na praça,

estourava mais que um rojão,

encheu a cidade de fumaça,

era igualzinho um vulcão.

Fui na oficina do Mombaça,

mas ele me disse não,

para mexer nessa desgraça

prefiro mudar de profissão.

Tive que vender esse carango

e que não tinha mais condição,

troquei, por meia dúzia de frango

mais dois sacos de feijão.

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 29/05/2007
Reeditado em 02/03/2009
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