Uma Flor de Pessoa
Chamaram-me de insensível.
Fiquei muito, muito magoado.
É mentira. Isso não é possível...
Eu? Eu, que só mato provocado!
Chamaram-me de insensível.
Não acreditei ao ouvir aquilo...
Eu, que fiz tudo que foi possível,
Pra levar minha mamãe pro asilo.
Chamaram-me de insensível.
Sem resquício de sensibilidade,
Mas a mamãe estava impossível,
Nos seus sessenta anos de idade.
Chamaram-me de insensível.
Eu confesso, chorei e de verdade.
Achando uma mentira incrível.
Eu? Que sempre torturei com piedade.
Chamaram-me de insensível.
Cansado do assunto, não agüentei:
Peguei aquele caluniador incrível,
E sua língua, chorando, arranquei.