ASSOMBRAÇÃO

Acoisa era tão feia

que ate a lua cheia

no momento se escondia.

O povo que perto ficava

os zóio se arregalava

era a maior correria.

A coisa era um mistério

era perto do cemitério

era um grito que congelava.

E todo o povo apavorado

correndo desnorteado

nem bala os alcançava.

Catei foice e um facão

mais a imagem de São Simão

e pra lá enfiei a cara.

Se aparecesse a criatura

eu ia direto pra sepultura

tremia mais que uma vara.

Alí bem perto do rochedo

ja quase morri de medo

o meu cabelo ja arrepiou.

Ficou duro que nem ferro

quando ouví o berro

meu zóio nem piscou.

Depois de um tempo desmaiado

com meu sentido recuperado

fui saindo num carreirão.

Pulei cerca de taquara

caí em cima da capivara

de tanto medo da assombração.

Quando em casa descançava

o meu nariz ainda fungava

pela noite de tanto terror.

De mansinho foi chegando

meu sobrinho assobiando

com uma fita e um gravador...

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 14/06/2007
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