Inês, Inês, Inesquecível = Poesia= Humor.

Inês, Inês, Inesquecível.
Ela bateu à minha porta
E naquela noite terrível
Disse-me sentir-se morta
Precisava de ombro amigo
Pra desabafar suas dores
Queria contar só comigo
Contar-me de seus amores
Mandei logo que entrasse
Que perdoasse a confusão
Que comigo enfrentasse
Aquela noite de apagão
Nem uma vela eu tinha ali
Lanterna, lampião ou similar
“Entre querida, venha aqui
Vou procurar te consolar"
Papo vem, papo vai e volta
Sentamos às apalpadelas
E ela contou com revolta
Diversas cruéis seqüelas
Carinhosos, e eu contente
Felizes, para a cama fomos
Depois de um beijo ardente
Unidos como só dois gomos
Possuí-a pela noite inteira
Esforcei-me por satisfazer
De todo jeito, toda maneira
O que ela viera me oferecer
Quando o dia clareou acordei
Virei-me para ver a possuída
E um berro quase que eu dei
Pulei da cama, puto da vida!
O sol em seu corpo batendo
Clareou um mapa do inferno
Com linhas se entretecendo
Merecendo um brochar eterno

Manchas, varizes, e estrias
Os centímetros disputavam
Naquela pele de cobra, fria
Onde tantos pêlos abundavam
As nádegas murchas, vazias,
Pelas pernas lhe desabavam
As unhas pretas, porcarias!
Os pés cobertos por sujeira
Sua cabeleira tão ensebada
Era grossa pasta na caveira
Aborrecido, muito assustado
Vi o meu sério erro cometido
Eu estava também gripado
Assim o cheiro não foi sentido
E eu a comi bem enganado.
E acordei muito arrependido.
Mas noutra dessa? Caio não!
Nunca mais pego u’a mulher
Que me surgir no apagão...
Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 09/07/2007
Reeditado em 09/07/2007
Código do texto: T557748
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