Venenoso dote

(Ao poeta Paulo Camelo)

Carrego razão de sobra

nas mágoas do coração

sem ter que escutar sermão.

Não passo perto de cobra!

Já basta a sogra ser obra

do chifrudão que não temo

nem que bata com chicote

e tire esta pele em postas.

Porém, não lhe dou as costas

pois é certeiro o seu bote!

O bicho jamais se dobra

e quando enrola, me espreita,

mas isto também se ajeita:

Não passo perto de cobra

e fujo dela em manobra

tal qual à cruz foge o demo.

Prefiro escapar a trote

sem pejo de ser covarde;

melhor cedo do que tarde

pois é certeiro o seu bote!

Beber é tudo que sobra

das dores de meu casório

já consumado em cartório...

Não passo perto de cobra

mas meu cuidado redobra

perante a sogra. Então tremo.

Não há perneira e culote

ou coisa assim que me valha...

A cobra velha não falha

pois é certeiro o seu bote!

*** Réplica de Paulo Camelo ***

(ao Venenoso dote)

Frente a ti meu corpo dobra

em reverente respeito.

Ah! Cabra bom! Desse jeito

não passo perto de cobra

nem de Reinaldo. De sobra

eu faço a glosa do mote

que aqui puseste. Que dote!

Toma cuidado, Camelo!

Ele te pega no pêlo,

pois é certeiro o seu bote.

*** Tréplica de Poeteiro ***

Camelo, que sempre logra

fazer o verso perfeito

merece sim nosso preito.

Por isso eu lhe mando a sogra

que é quase rima pra cobra.

Aceite a velha por dote

e me livre deste mote!

Não solte no seu terreno;

proteja a mão do veneno

pois é certeiro o seu bote!

*** Concluindo a negociação... ***

Obrigado pelas dicas!

E mais grato eu fico ainda

se com minha sogra linda

por amizade tu ficas!

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 09/10/2005
Código do texto: T58014