KKKK
O meu duende tem a alma deveras divertida,
E o bom humor dele é a mais valiosa ajuda
Que recebo do imaginário para levar a vida,
E suportar o peso pesado da penosa labuta.
Eu adoro quando falta luz em casa
No período noturno do fanado dia.
Nesse momento, o duende cria asas,
E voa pela casa esbanjando alegria.
— Ria da minha desgraça! — digo com o olhar no duende.
— Rio sim e daí? — diz o duende com um ar sorridente.
O mais engraçado (para ele) ocorre
Quando caminho no escuro e tropeço
Em algum objeto que a escuridão encobre,
Indo ao encontro do chão qual fruto maduro.
Nessas horas inesperadas, me ajoelho e peço
Para que a luz retorne logo e dissipe o escuro.
Não posso fazer café forte,
Que é o meu prazer diário,
Nem contar com o advento da sorte
Para urinar dentro dos limites precisos
Do obscuro vaso sanitário,
Mas muitas vezes é tão fraca a visão,
Que acabo urinando mesmo é no chão,
E calado protesto comigo mesmo: assim não dá!
Por um instante, o duende abre um largo sorriso,
Mais largo que o Canadá,
Enquanto pego o pano de chão para secar
O banheiro quando a luz finalmente chegar.