Sapatos, calças e camisas

Gilberto Carvalho Pereira – Fortaleza, 10 de setembro de 2015

Sapatos que apertam meus pés

Que machucam meus calos

Meu calcanhar de Aquiles

Marcando os dedos em apelos.

Seguem-me sem parar

Quando para lá vou

E de volta ao mesmo lugar

Apertam sempre onde estou.

Calça folgada na cintura

Quase caindo, deixando-me nu

Mostrando a minha desventura

Usar calça velha, retirada do baú.

Mais magro agora estou

Calça, cueca, todas folgadas

Já caindo, a todos assustou

Ao meu corpo não mais ligadas.

Tamanho largo e grande

O defunto era maior

Não sei mais como e onde

Como usar camisa menor.

Agora estou mesmo achando

Melhor era continuar maior

Não estaria ora comprando

O que se mostra bem menor.

Outras coisas me preocupam

As pelancas que se penduram

Em meu corpo sobram e ocupam

Partes feias que me molduram.

Com a idade piora, fica horrível

Viramos um maracujá de gaveta

Todo engelhado, indescritível

Magro demais vira uma vareta.

Tudo faz parte da natureza

Não se pode mudar esse fato

É maldade das piores, é dureza

Não adianta à vida ser ingrato.

Uma certeza me faz contente

Gasto pouco com comida quente

Minha dieta é verde e saudável

Tudo saborosamente agradável!

Gilberto Carvalho Pereira
Enviado por Gilberto Carvalho Pereira em 24/03/2018
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