"A MALDIÇÃO DO POETA"

Era um dia feio, escuro, muito frio
Eu me lembro como se fosse agora
Era ainda jovem, forte, bem sadio
E você, coroa de não se jogar fora

Nós dois nos olhamos, nos piscamos
Recordo-me bem de ter-lhe sorrido
E por instantes nós dois namoramos
Até que me percebeu o seu marido

Sujeito insensível, grosseiro, idiota
Partiu pra cima de mim de porradas
Tão fortes que dei uma cambalhota
Tive fraturas expostas engessadas

O que ele me bateu não foi pouco não
Eu não reagi apenas por cavalheirismo
Ficou feio pra ele, que fez a agressão
E ainda por cima ria, cheio de cinismo

Agora o tempo passou e estou curado
Vivo na maciota, pois você me sustenta
Depois que largou o besta abrutalhado
Ele, de ciúmes, acho que não se agüenta

Quem mandou ser estúpido e invocado?
Quem mandou bater num nobre poeta?
É o mesmo que um espelho ter quebrado:
Terá sete anos de azar o pobre pateta!!
Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 30/08/2007
Reeditado em 30/08/2007
Código do texto: T631192
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