Franciscana sem burocracia

quando a noite vier se esconder na janela

PROMETO fechar os olhos

abstrair o amor de vez,

paixão sem til no seu melhor luto.

não retornar ao paraíso, não fumar no quarto.

abrir mão da sede

verbo só no passado, até mais além.

extirpar o salto agulha... os trâmites

descalça para sempre! aleluia em dó menor.

vestido luva e bolero? chá de sumiço!

viver o ritual da perda, o sepultamento.

numa túnica sem caimento algum, sem ordem de despejo.

uma franciscana deliberadamente cega

sem burocracia

longe, bem longe da minha vontade.

na hora da necessidade... suportar a paz

com firmeza da sombra das mãos... ao terço,

até o parapeito da janela.

dependendo da carência da promessa

se a janela for justa demais, inocente demais,

destrambelhada demais, perdida demais.

fecha os olhos também.

eu não vejo outra saída.

até a próxima eternidade...

Vania Lopez
Enviado por Vania Lopez em 26/03/2019
Código do texto: T6607732
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.