O médico do interior

Pra começar é obrigatório:

Não chegar cedo que é pra nós ver chegando!

Que é pra contar pros atrasados que ele veio.

E é bom ele andar logo, que hoje tá cheio!

A secretaria é aquela que todo mundo conhece,

Mora perto da igreja, minha prima, trabalha na quermesse!

O café é fraco vou até tomar outro, você quer?

E esse povo vem agora, de certo la não amanhece.

Dotor bão é aquele que cura de A à Z,

De azia a zumbido ele tem que saber,

escuta o pulmão, os batido do coração,

sabe que remédio amargo é que é bão.

Consulto com ele já faz tempo,

tem bom coração, um semblante sereno, você vai ver,

especula de um tudo não sei pra que saber:

Da família, trabalho, criação, trocamos até receita de pão!

Não demora muito nem de menos,

Conta logo e bem falado sem muito rodeio,

se tá tudo bão ou se o trem tá feio.

Assim você escolhe pagar: o caixão ou a rifa do sorteio.

Não precisa pedir nem bradar,

Nem a pinga nem o pito eu vou deixar,

Tudo meu avô fazia, cem anos ontem faria,

eu, um pouco mais vou passar.

Psiu! Não adianta perguntar o salário...

ele só conta da fazenda e do gado.

E se o médico viajá? Hora que apertar?

já tá combinado, tem o farmacêutico pra consultar.

Se não der jeito...

tem o padre pra encomendar!

Erick Diogo
Enviado por Erick Diogo em 05/04/2020
Reeditado em 05/04/2020
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