Maria Raimunda – Uma linda mulher

Avança a madrugada

Insensível à minha sorte

Quisera eu a morte

A uma mente assombrada

Levanto, vou até à rua

Minguante está à lua

Entro, tento dormir

E nada de conseguir

Maldita a hora em que te encontrei

Os olhos em ti fitei

E fui logo pensando:

“Meu Deus! O demo estou encontrando”

Lembro-me de teu rosto

Que me traz profundo desgosto

Teus olhos esbugalhados

Teus cabelos ensebados

Tua pele escamada

Tuas unhas encardidas

Tua cara achatada

Tuas mal curadas feridas

Os dedos dos pés encavalados

As unhas encravadas

Tua barriga saliente

Quem olha, jura ser uma indigente

O sovaco atrái urubu

Pra não falar do cheiro do **

Tua mata desgrenhada

Sai, com você não quero nada

Os olhos remelentos

O nariz todo xexelento

Anda e bamboleia a bunda

Chamam-te de Maria Raimunda

Mesmo que fosse rigoroso inverno

Ou estivesse no inferno

Sai, não adianta mutreta

Não costumo abraçar o capeta

Sai, demônio! Esta alma não te pertence

Deixa este corpo indecente

Deixa de barafunda

Sai do corpo de Maria Raimunda