Uma mulher fatal

Quando vi, não tinha mais jeito

Estava próxima, junto do meu peito

Linda, sensual e provocante

Na beirada da cama tomando assento

Os braços, logo me enlaçando

Com os pensamentos em trovoada

E a ousadia proclamada

Muita coisa invadia o coração

Acreditava que sofria de taquicardia

O peito não continha a alegria

Ai, Jesus! Socorra-me, me dê a mão

Não sabia se olhava, falava ou beijava

Minha indecisão por certo prejudicava

E em meio a tanta indecisão

Sou puxado, com força envolvido

Em beijos, abraços, muito tesão

Despertara minha libido

De repente... Sou sacudido violentamente

Um rosto inchado, olhos vermelhos, incandescentes

Cabelos desgrenhados, um bafo insuportável

No rosto dela uma máscara de raiva

Ouço gritos: “Desgraçado, miserável

Quem é? Quem é a sirigaita?

Seu moço, foi um tremendo bafafá

Correndo, no meio da rua fui parar

Apenas de meias e cueca

Ouvia o povo aglomerado, gritando:

“Socorre, socorre o seu Zeca

Dona Clotide está lhe matando”

Minha mulher berrava e exclamava:

“Cabra da peste, desaforado

Sem vergonha e tarado”

A cada grito, um tapa eu tomava

Dava uma ou duas cambalhotas

Já me encontrava com as pernas tortas

Até que conseguiram conter o furacão

Enquanto esperava a ambulância

Ela me olhava à distância

Esconjurando, gritando cada palavrão

Nada eu ouvia, nada mais me importava

Porém, o corpo todo sangrava