O destino o que é senão um embriagado conduzido por um cego? Mia Couto

A sátira do destino

O ébrio, a fazer curva em linha reta,

Não conseguiu chegar ao seu destino.

Guiavam-lhe um cego, um canino,

Um padre, um rabino e um poeta.

 

O canino a farejar sua desgraça.

O padre a fazer frente ao rabino.

O cego, que ficou cego inda menino,

A encher o poeta de cachaça.

 

E vão seguindo enquanto a vida passa...

E vão passando enquanto existe graça...

Em fazer curva sobre a linha reta.

 

Como o destino é dúvida divina,

O cego sai de cena, na surdina,

E deixa deus por conta do poeta.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 04/05/2023
Código do texto: T7780166
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.