Me Deprimo

Sabe aquele primo tarado

Que para todo lado que você olhe,

Lá esta ele espionando?

No banheiro!

No quarto!

No sofá!

Sempre abaixando nas saias

Para ver sua calcinha?

Pois é...

Assim era o Ari,

Que Deus o tenha!

Um dia me enchi

E fiz uma aposta:

Me dou toda,

De frente e costas,

Mas tens que comer,

Comer, comer, comer

E jamais parar...

Se lambuzar,

Se fartar!

E só quem diz “chega”

Sou eu!

Se jogar a toalha

Nunca mais verá nem a palha

Desse tenro milharal

(era assim que me chamava, milho tenro!).

___Feito! Aceitou e assinamos um termo em cartório.

Nos trancamos num quarto

Em plena sexta-feira!

Ari pensava ir até a segunda(convencido).

Começamos discretos, arroz e feijão,

Pulamos ora de frente, ora de costas...

Beijos e queijos, meia nove e assado,

Não tinha escolha,

Cada hora de um lado...

Ari sentiu o dedo pela primeira vez!

Achou horrível mas tinha prometido...

Aguentou firme o bandido!

E quando virou de lado,

Lá pela décima vez,

Eu, fingido umas três:

__Parado aí!

Nada de dormir

No melhor da festa!

Agora quero sugar tudo!

E trate de se erguer de novo,

Pois vou do suco

Ao soco!

De ti quero até o osso!

O primo estava acabado!

Virou de lado

E disse “to morto”!

Pode cobrar, pode sumir,

Mas meu sono agora

Ninguém tira!

Eu, que não sou boba nem nada,

Abri a porta do guarda-roupa

E tirei meu coringa escondido:

Dois travecos

Bem travestidos!

Um armado,

Outro de boca!

___Socorro!Ari pulou!

Prima de merda!

Isso não estava combinado!

Escolhe querido:

Ou me come ou será comido!

E arranjando forças sobrenaturais

Comeu tudo de novo:

De frente!

Por trás!

De boca!

E abocanhado!

De manhã enfartou!

E agora, coitado...

Me espera no céu

Para ser vingado!

Diz que está de butuca

Esperando o meu dia.

O que não sabe

É que jurei para a tia...

Só morro depois

Que ele tiver reencarnado!

E dessa vez , espero,

Num corpo de viado!

Ah...coitado!