A PERERECA

A PERERECA
Jorge Linhaça

Perereca, que vives, grudada no pau,
sobe-desce, desce-sobe,( bem ligeira),
Gostas, ó perereca, da brincadeira,
da brincadeira gostas, não vejo em ti mal.

A umidade da tua pele anural,
te faz deslizar assim toda faceira,
subindo e descendo a noite inteira,
sem nunca largar a ponta desse teu pau.

Se grudas as mãos no pau já não o largas,
por mole ou rijo que o pau já esteja,
teu corpo , se preciso for, tu alargas,

Segues, ó perereca, a tua natureza,
deixando, sempre, no pau tuas marcas,
se choras é d' alegria e não de tristeza.