Poema ao Pescoço Perfeito

Ó pescoço inspirado!

Trapézios esculpidos por Deus

Modigliani estaria maravilhado

pela lindeza desse Esternocleidomastoideu!

Hitchcock o teria filmado

no Frenesi de suas taras

Perfeito em seu traçado

estonteante jóia rara!

Não! Não é sua calcinha que minha vista mira

por baixo do vestido ralo

Uma contratura pendeu minha cabeça rija

fazendo-o agora ficar de lado

Sim, isso dói para cacete

Mas o pior é o andar desequilibrado

que a cabeça, sinistra pendente

tornou em velho um homem sarado

Mas não era meu pescoço a razão da poesia

E sim do seu, capricho dos deuses

Chamado de “cu” na língua dos franceses

falar em cu torto seria heresia

Verdade, em tudo arranjo motivos

para rimar a redonda anatomia

É o meu fetiche por buracos escondidos

Bundas, cus e bucetas, tenho afamada mania

Cu difere de bunda

Não misture alhos com bugalhos

E antes que eu me confunda

Aleijado é a casa do caralho!