INCOMPATIBILIDADE DE ÉPOCAS

- Vô, tenho dezoito anos

Ouvi falar da tal Lua-de-Mel

Ou li em algum lugar, há anos,

Faça o seu papel.

Explique ao seu neto curioso,

Se esse negócio é ruim ou gostoso,

Se é nome de sorvete cremoso,

Ou de algum doce saboroso.

- Oh... meu querido neto,

Um dos meus prediletos.

Lua-de-mel é um acontecimento,

Que ocorre depois do casamento.

É quando há o rompimento,

Do hímen da mulher,

Primeiro relacionamento,

Entre marido e mulher.

Depois da grande festa,

Faz-se uma viagem,

A local que lhes interessa,

Praia, montanha, paisagem.

- Então não existe mais, viu coroa ?

Pois o hímen da minha gata foi pro espaço,

Nada de marido e mulher, estamos numa boa...

Que viagem, que nada... foi no terraço !

E, digo-lhe bem alto, porque está meio surdo,

Tudo que me contou é babaquice, absurdo,

Veja bem, velho gagá,

Para que viajar ?

Fazer festa pro povão ?

Gastar grana de montão ?

Nós transamos sem casar,

Pego a grana que meu velho ia gastar,

Compro uma moto, mando envenenar,

Mudamos, dizendo que vamos estudar.

Quando a coisa fica apertada,

Dou uma telefonada,

Solicito envio de dinheiro,

Pelo banco ou correio.

Bolso abastecido,

Longe de gente que enche o saco,

Fico até agradecido,

Viver assim é um barato !

Vô... o que aconteceu ?

( Vejo o velho desmaiar ),

Será que não entendeu...

Ou não soube me explicar ?

Auro.