Jogos da Imaginação

...Um sussurro

Num quarto escuro

Amarrado e ajoelhado

No chão duro

Do subconsciente

Intensamente

Desesperadamente

Tento me soltar

Pra depois tentar

Pegar a carta

Sem remetente

Estranhamente

Deixada num aquário

Repleto de aranhas e escorpiões

A chave? A chave dentro do armário

Será que tem espiões

Observando minhas tentativas?

Um murro

Que me jogou contra o muro

Está tudo escuro

Preciso chegar lá na frente

Preciso falar com o remetente

Daquela carta que até hoje nunca li

Ainda não sei como consegui

Continuar vivo depois daquele dia

Eu me soltei, mas não conseguia

Abrir a carta – parecia estar soldada

Muito sangue sai depois dessa porrada

No nariz – não sei se irei me levantar

O remetente parece estar rindo de mim

Isso tem que acabar! Agora é o fim!

Levanto-me e jogo meu algoz no chão

Corro até o início do beco e não vejo nada

Seria ilusão?

Mas não – no bolso tem a carta já aberta

E leio: Bem vindo ao jogo da imaginação!

Escuto uma buzina

Abro os olhos! Estou preso

Nos trilhos da linha

De um trem. Surpreso?

Nem um pouco. Louco?

O trem passa por mim e nada acontece!

Fim do jogo! Volte ao inicio e recomece.

Mais uma vez

Amarrado

O que você fez

Comigo?

Não quero esse jogo!

As pessoas estão me olhando

E continuarão vendo após o metrô

Passar por cima de mim

Mas antes dele chegar o cenário muda por completo.

Continuo amarrado

Agora preso a uma águia

Que sobrevoa um prado

Depois de um vôo rasante escuto barulho de água

A águia começa a se mexer e me solta

A queda será dolorosa

Caio...

Na cama elástica de um circo!

Subo novamente e atravesso um círculo

De fogo!

Tudo desaparece!

Abro os olhos! Muita fumaça, vapor!

Assopro e tudo se esvaece

Estou numa banheira!

E vejo uma moça ajoelhada nela chorando

As lágrimas são de sangue

Ela se levanta e entra dentro da banheira

E fica com o corpo todo abaixo do nível

De sangue!

É o seu fim!

E o seu também!

Já não estou mais amarrado!

Porém aquela mocinha está,

Nós dois vemos a uma cena estranha

Um rapaz beijando outra!

Ela começa a chorar, parece ser o ex-namorado!

Depois que beija a outra, o cara vem até nós (mas não me vê),

Eu seguro a mão dela e tudo desaparece!

Amarrado novamente

A mocinha atrás de mim

E ela faz um sussurro: Não tente abrir o envelope

Num quarto escuro

Estou ajoelhado

Novamente no chão duro

Do meu subconsciente.

19/01/06

Miguel Rodrigues
Enviado por Miguel Rodrigues em 19/01/2006
Código do texto: T101070
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