Em estado de vigília

Em estado de vigília, ponho-me a sonhar

Um sonho sem forma nem escapatória

Como parar de sonhar?

Quero o mel e a volúpia

A força do desejo me acumula

Criptar de forças opostas

De encontro à minha nuca

Fogo esquenta a água que evapora

E cai sob a forma de chuva

Chuva que apaga o fogo

Fogo é paixão, paixão é tortura

Saliva umidifica o beijo da vida

Cromossomos do amor

DNA da fadiga

Implora o bem ao Senhor

Diante da morte combalida

Senso de insensatez

Contra-senso, insanidade

Poesia doentia, reflexo de maldade

Parir a prosa e o verso

Num ato de lealdade

Fidelidade, é estupidez e perversidade

Repartir o pão, a mulher e o sonho

É comunhão de amor e caridade

Só o desprendimento absoluto

Pode me conduzir à verdade

Verdade é amor

E o amor? Eternidade...