Lápide
De tudo que nunca foi, não mais eu quero
Do ser de volta de tudo que privaste
Teu semblante repousa onde outrora
Nunca pensaria que sequer o meu levasse
Do inferno o qual saíste, doce anjo
Não mais levas hoje o pobre sofredor
Do teu cheiro consumido em podridão
Qual sob um véu com essência de esplendor.
Por ti, ó Dama-da-noite eterna
Devotei em coro meus pobres cantos
Que agora aguardam devolver à ti
A cólera enredada no solo de meus prantos.
Tu não és agora, mais para mim
A musa à qual escrevia poesias enfadonhas
Nada mais tornaste-se do que rélis,
Rélis e pútrida criatura medonha.
Não sei se acaso dar-me-ei ao destino
Tão pouco sei se do que disse, deste risada
Só sei que quero um dia poder virar-me,
E gargalhar sobre tua lápide gelada.