Lápide

De tudo que nunca foi, não mais eu quero

Do ser de volta de tudo que privaste

Teu semblante repousa onde outrora

Nunca pensaria que sequer o meu levasse

Do inferno o qual saíste, doce anjo

Não mais levas hoje o pobre sofredor

Do teu cheiro consumido em podridão

Qual sob um véu com essência de esplendor.

Por ti, ó Dama-da-noite eterna

Devotei em coro meus pobres cantos

Que agora aguardam devolver à ti

A cólera enredada no solo de meus prantos.

Tu não és agora, mais para mim

A musa à qual escrevia poesias enfadonhas

Nada mais tornaste-se do que rélis,

Rélis e pútrida criatura medonha.

Não sei se acaso dar-me-ei ao destino

Tão pouco sei se do que disse, deste risada

Só sei que quero um dia poder virar-me,

E gargalhar sobre tua lápide gelada.

Gravor di Saint Danielt
Enviado por Gravor di Saint Danielt em 12/02/2006
Código do texto: T110800