FOSSE EU PESSOA
 
Meus versos
voariam por entre florestas e campos.
 
Rápidos
longínquos
que nem os teria escrito.
 
e iriam seguindo longas distâncias
como se nem de minha boca
principiassem
palavras.
 
Eu, enfim,
sentaria numa nuvem invisível
que quem lesse
e fosse sensível,
acredite,
estaria bem longe de mim.
 
Então
como dizia o velho poeta:
o verso
de tão leve voou
sobre os abismos
e os universos.
Ventania cega dos verões,
preciso
o movimento...
como o salto dos leões,
ou o som que ecoa
pela eternidade,
escrevendo trovões.
 
Fosse eu Pessoa.
 
 
13/12/2008