Andando Em Círculos
Sinto-me fora de órbita
Distante da realidade
Que envolve a minha existência.
Pego-me sedento de ternura
Um intemperante vulcão
Que escorre uma lava em vão
E sem direção precisa
Vivo em rodopios coreográficos
Com os passos ensaiados
Numa dança desvairada
Abominável ser que sou
Girando em torno de mim
A procura de mim mesmo
Não percebendo que me encontro
Imerso em um lameiro
Mas com sêde insaciável
De achar uma resposta
Tenho a alma lambuzada
Engordurada do pecado
Lisonjeiro e devastador.
Com alguns traços de inconsistência
Ainda busco na consciência
Seu inapelável perdão
Mas se me for inconcessível
Me farei acomodado
Ditarei ao meu viver
Uma síntese de proceder
No meu âmago não acordado
Ao predestino que tenho
De continuar em círculos
E do ritmo que venho
No meu andar sincronizado.