Mais uma vez

O brilho da pele alva

lembra a dor que me condena.

O rosto da mulher que amava

já não mais me alenta.

O seio nú da meretriz

mostra-se arfando de prazer.

E todo aquele amor que eu quis,

acaba por se desfazer.

Perdoe-me se procurei em ti

o amor do meu passado,

mas todas as vidas que extingui

tinham seu espírito encarnado.

E sofri,

todas as vezes.

Pois homem que fui,

monstro que sou,

perdi-me de amor

nos beijos da Dama Negra.

Ela abraçou-me nas trevas, de esguelha.

Agora dou-te o que restou em mim.

Nem vida, nem amor.

Apenas morte, dor.

Por que fostes lembrar de teu amor, maldito?

Não sabias que a cada morte,

Mataria-a de novo?

(Poema de Marcos Alencastro)