Doze Corações

Sou arquiteta de teus castelos feitos de emoções,

E sou a relva molhada que cobre os teus portões,

Sou o livro empoeirado esquecido em teus porões.

E os cacos que restaram dos seus doze corações.

Quando adormeces, em sonho eu venho te visitar,

E teus abrolhos sequer golpeiam meu tino linear.

Pouco de mim, é o bastante para te recompensar.

Ainda que me alcances não podes me ultrapassar.

Teus fórceps não me arrancam de tuas entranhas,

Estou sempre um passo além de tuas façanhas.

Nem com teus laços mais apertados me emaranhas.

E assim, sou vitoriosa até mesmo em tuas ganhas.

Teu fogo não é pálio para meu infrene furação,

A sorte da tua vida se lê na linha da minha mão.

Tua forca sufocante é ar fresco em meu pulmão.

O amor que em ti palpita não me passa de ilusão!

O teu caminho seguro te leva a meus precipícios,

Os seus crimes escusos reivindicam meus indícios.

E até tuas sanidades reavivam meus hospícios,

Onde invoco teus medos e revogo teus princípios.

Sou a intrepidez que te persegue nos labirintos da sua mente,

E a redenção do pecado na consciência mais pura e decente,

Pois estás envenenado, antes mesmo de saber que sou serpente!!

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 16/01/2009
Reeditado em 01/07/2009
Código do texto: T1388160
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