Quando sai de mim

Nem me escondi de fato da vida

Me pintei, fantasiei, me entreguei

Fiz meu papel, decorei meu texto

Abri meu armário, tirei meu véu

Me despi da saudade, me dei

Me debrucei na janela, fiquei pronta

Arrumei meus cabelos, meu chão

Dobrei meus medos, inventei sorrisos

Desbotei minhas cores, ao sol, ao vento

Fiquei descoberta, inteiramente nua

Esvaziei meus rancores, fiquei leve

Deixei o vento entrar enquanto não vinhas

Abri a porta mais uma vez, esperei

As palavras chegavam, os versos

As testemunhas do esperar eterno

Gotas de perfume o vento levou

Ainda espero, o tempo vem

Saio de mim e vou, o tempo chega

Não estou.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 21/01/2009
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