A eterna hora

Nas aberturas dos dias que passam a frente

Tiro as entrelinhas de trovas, versos, sonetos

Aqueço-me com o que ninguém quer

Dou-me o não entender do poema paradoxo

Fico com o sem nexo do texto abundante

Carrego a incerteza contida na crônica do além

Quero a discórdia das letras atropeladas pelo sono

Preciso do alimento sonâmbulo da caneta que cai

Sorvo a tinta abstrata que caiu no papel

Tiro a tristeza do teu poema só para mim

Enveneno-me com o rascunho que jogas fora

Não preciso da beleza da aurora

Preciso do não saber, do não sentir

Preciso apagar esse amor que mora em mim.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 31/01/2009
Código do texto: T1414613