HOJE SOU…

Pedaço, de alguma coisa, àquilo que fui um dia,

apesar de tudo, ladrão, prostituto, adicto, até

ao mais fundo, que qualquer ser humano,

pode suportar, sempre um sorriso mantive,

deixando que falasse bem alto este meu coração,

que pelas desgraças, rancor não guardou mas

amor, por quem um dia se perdeu, carecendo

de minha atenção e demais afecto.

Tudo perdi, de maldito vício, ah, mas meu

carácter, minhas ideias e ideais, o amor (sim…

todo aquele que em meu peito, teimando bate),

sequer alguém, um dia que fosse, ousou roubar-me.

Nunca precisei de fingir, ao que não era, a todos

igual, sem descriminação nem uma única dúvida.

Porque o caminho, por mim cedo escolhido,

jamais teve interferência externa:

somente tentei abrir as portas da percepção, e,

ver, até onde, chegar podia, ultrapassando

todos os limites, dos possíveis e dos impossíveis.

Perdido algures no deserto, como cão sem osso,

em alucinações lamentei, as desventuras dos

imensos jovens, que todos os dias, estendendo-me

as mãos, falso paraíso, julgando, levavam, para

os seus antros da morte.

A minha morte sempre esteve ali, e, quando

o enfraquecimento se apoderou de mim, seu

rosto enfrentando, escarneci de sua própria

face, pois o meu bem mais precioso, não o teve:

o amor, que me levou a sobreviver-me… ontem

como hoje!

Jorge Humberto

11/03/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 11/03/2009
Código do texto: T1481123
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