Praça 2 de Julho

I

Os cravos

As bromélias

A rouquidão

E Rilker recitando,

Gritando os anjos nas hierarquias

Em seus versos mais lindos.

Lindo?

Tudo o que me rodeia,

Tudo o que me circunda,

Louvando e gloriando tudo e a si mesmo.

II

O aleijado no parque

Um monge no mosteiro

A dama no hospital

A abelha em sua valsa medieval.

A bituca de cigarro, cigarrilha, charutos

Cubanos, acompanhado de Adriano,

Servido a uma temperatura de 25º C,

Na praça...

Onde vende uma senhora

Mingau,

Café,

Solidão.

A solidão do mundo,

Vista através dos óculos,

E quando tiram-lhe os óculos,

Some-lhe tudo,

Todos se vão!

E tudo recomeça,

Inicia-se a dança outra vez...

O carro no trânsito,

E o trânsito de tudo e de todos,

Na cidade,

No mundo.

III

E o cheiro de gás que inferniza,

E o cheiro de gás que agoniza,

E os pensamentos soltos sobre mediunidade,

Tentando provar-me a todo instante

A minha fé,

A aprovação,

Aprovação por algo que desisti,

Por algo que se quer lembro,

E, com metáforas, personifico.

Traduzo.

Dou-lhe vida.

Respira agora (...)

- Respira agora, respira!

Cresce, brilha, reproduz-se e vai-te para o eterno.

Para o breu.

Inerme, atordoado.

Não vive mais a esmo, vai-te para o eterno.

IV

E todos se lavam.

Lavem suas mãos!

Lavem o lodo da alma!

Lavem-nas também.

Dois bancos na praça,

Dois senhores se olham,

Apaixonados, beijam-se (???)

O lavrador da cidade busca

Suas interrogações que fora

Esquecidas em versos,

Mas foi interrompido.

Interrompido pelo transito dos carros,

Pelo transito da cidade...

Ah!...

Há tantas e tantas coisas que

Ainda não entendo...

E, não seria essa valsa medieval

Que hei de entender!

Andreia Batista
Enviado por Andreia Batista em 02/05/2006
Reeditado em 03/05/2006
Código do texto: T149048