Vida de poeta.

Sem cara

Protagonizo o nada

ambulante como um poste

qualquer lugar

é minha morada

estou sem senso do destino

não sinto a dor do amor

não posso ter sentimentos

por isso todos passam

e não me vê

acho que sou invisível

estou morto e não sei

furo as minhas veias

e o meu sangue

tem a textura de sorvete

e procedendo rumo ao gelo

na ultima pontada

de dor na cabeça

paralisada pela temperatura

talvez apareça a ultima chance

de mostrar que o meu coração resiste

e pode virar um vulcão

emanando poesias

para nunca se perder a esperança

aquela que num fio

pendura-se para não morrer

com uma possível desistência

desse poeta.