CAIXINHA DE SURPRESAS

Tudo que já fui, sou e queria ser

Deixei perdido ao não querer amar

Ora envolta por este revolto mar

Na penumbra obscura do não ser

Tudo que eu imaginei e o que senti

Em perdidos laços de afeto deixei

Pois o que eu temia me acontecia...

Escondida na distância abissal

Pelo escuro frio intimidador

Desacreditando no destino

De poder ainda ser achada

E localizadas por um mergulhador

Uma caixinha com tanto a revelar

Sem possibilidade de ser encontrada

De ser desvendada, tocada, possuida...

Mas se ainda não for o meu destino

Posso usar o meu bip localizador

E enviar-te luminosa mensagem

Deste intenso e extravagante amor

Ao ser abordada, salva e explorada

Revelarei do íntimo todo o meu teor

Posso expor-te o meu conteúdo

Com toda a clareza, dizer-te tudo...

Que é um misto de ódio e de amor

Pretendo ainda vingar-me de ti

Vou bater-te e arranhar-te

Ofender-te

E até te maldizer

E depois te amar...

E ao nos tocarmos sem pudor

E nos explorarmos... Abusados

Saciados, camuflados, rendidos

Achados e perdidos...

Desinibidos

Gozaremos as delícias

Do amor