"O inferno são os outros"
Às vezes, a gente não pensa, a gente não sente.
Às vezes, a gente não pensa, a gente não sente, a gente não vê,
o que está do lado da gente;
E enxerga longe, problemas inexistentes;
E os afaga e se amarra;
E perde noites de sono.
E dias de sol em contas,
que jamais serão pagas,
em filas, em reclamações inúteis.
Conjeturas obssessivo-compulsivas,
repulsivas.
Às vezes, a gente exige, a gente grita, a gente se irrita;
a gente é vítima sem saber por quê?
E se vinga, maltrata, se mata, por nada.
E cumpre rigorosamente os horários,
andando com pressa a lugar nenhum;
pois, que cumpre, tarefas inúteis,
estressantes, alienantes, revoltantes.
Aviltando-se em um salário surreal.
E distante e distante e distanciando-se,
a gente é apenas só apenas.
Apenas um, apenas nada, apenas pobre.
Apenas o esquisito, o solitário, o antipático, o tolo...
E sem saber, intuitivo tolo,
fez tudo certo
Pensou para não pensar,
sentiu para não ver, apenas.
Enxergou longe.
Conjeturou.
Gritou.
Foi vítima.
Cumpriu todos os horários;
e horas-extras também.
E obsessivo-compulsivo-repulsivo
Pagou todas as contas.