Adultério

Traz-me água,

Dê-me a mágoa

O silêncio

Inocento-me!

Parto em dois

Um depois

E um agora

Na aurora

Clara e fria

Fantasia

Ainda cedo

Não por medo

O sol vem

E também

Minha dona

Veio à tona

Com esse papo

De tabaco

E chegar

Só depois

Do sol raiar

Então parte

Dá-me água

Mas não salga

Que o sal

Anormal

Fez-me então

Ser do mato

Não do asfalto

Mato a cede

E a parede

Derrubei

Já que sei

Que o caminho

É curtinho

Só ir reto

Que dá certo

Sem muralhas

Só batalhas

Eu de um lado

Sempre calado

Do outro ela

Sentinela

Ama

Chama

Cala

Fala

Bate

Rebate

Demora

Chora

E depois

Como se

Feijão com arroz

Parto em dois

Um agora

Outro outrora

Que eu já vou

Já que estou

Só esperando

A primeira chuva

Ainda sinto

- e não minto!

Esse teu gosto

De suco de uva.

Júnior Leal
Enviado por Júnior Leal em 16/07/2009
Reeditado em 21/07/2010
Código do texto: T1702894
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