Adultério
Traz-me água,
Dê-me a mágoa
O silêncio
Inocento-me!
Parto em dois
Um depois
E um agora
Na aurora
Clara e fria
Fantasia
Ainda cedo
Não por medo
O sol vem
E também
Minha dona
Veio à tona
Com esse papo
De tabaco
E chegar
Só depois
Do sol raiar
Então parte
Dá-me água
Mas não salga
Que o sal
Anormal
Fez-me então
Ser do mato
Não do asfalto
Mato a cede
E a parede
Derrubei
Já que sei
Que o caminho
É curtinho
Só ir reto
Que dá certo
Sem muralhas
Só batalhas
Eu de um lado
Sempre calado
Do outro ela
Sentinela
Ama
Chama
Cala
Fala
Bate
Rebate
Demora
Chora
E depois
Como se
Feijão com arroz
Parto em dois
Um agora
Outro outrora
Que eu já vou
Já que estou
Só esperando
A primeira chuva
Ainda sinto
- e não minto!
Esse teu gosto
De suco de uva.