O suicida opaco

As agonias são constantes

Em privada lembrança eu me recordo

Um dia eu a tive, era tão linda e doce.

Pequena e suave, uma harmonia deslumbrante.

Incógnita perpetua para os outros

Recurso obstante para mim

E vem o mundo este demônio mascarado

Rouba-me tudo e me deixa extasiado

No deserto e na multidão na mesma seqüência

Fico entre as matas e o mar

A onda vem e vem contundente, nada tenaz.

Leva minha alma enquanto, não aprendo a surfar.

Corro pelo anel d’água, mas não aprendo a surfar

Invade, explode, arromba-me a dor.

Perca maldita que não volta mais

Sofreguidão esquizofrênica da ilusão

Meus sentidos não têm mais percepções

Minha face está deformada

Não tenho mais rosto muito menos coração

Ainda tenho...

Minha vida e um glutão

Comparo-me a uma cabaça: opaca e vazia

Assim ficou meu ser, depois que o mundo por mim passou.

Agora queria eu transmutar os meus valores

Mas a corda já está em meu pescoço

E a cadeira já caiu, resta-me apenas a morte,

Oh...

Ton Dourado
Enviado por Ton Dourado em 19/06/2006
Código do texto: T178240