Demência
Fecha os olhos ainda perplexo
Ainda cansado, ainda confuso,
Inconsciente, ébrio e complexo,
Sentindo o sonho em que se torna intruso
Nas margens da insanidade que o toma,
Corre sobre lâminas. Sagram seus pés
Apesar da visão, nada sente nesse coma
Gira o corpo, tece ilusório revés
Nada, porém, se transforma
São luzes, são vozes, são imagens
São massas disformes e mágoas mornas
Há cores, formas e falsas mensagens
Sem saber onde está, permanece atônito
Apenas um vácuo de emoções por companhia
Nada responde como que em féretro lacônico,
Nessa fase inconsciente e vazia,
Da vida e da demência intermitente
Que já, há muito, tão bem lhe cabia!