Saio do sono ainda manchado

Saio do sono ainda manchado!

A mente, de sangue manchada,

Pela madrugada a pouco findada

Em sonhos onde quase me acabo

Batalhas travadas em lugar algum

Onde estou em linha de frente

Luto como se só fosse mais um

Mas me vejo ali em toda a gente

Não há dragões, carrascos, cavalos

Nenhuma arma em punho eu vejo

Vejo meus medos, atentos, calados,

de um lado; do outro os desejos

Travo as batalhas, sou herói e juíz

Sou dois exércitos, em sonho, distintos

Nem sempre termino como sempre quis

E a cada noite eu me faço instinto

Saio do sono, de sangue manchado

E a cada passo no dia eu me lembro

Destes caminhos, deste meu fado:

Em maio renasço,

me mato em novembro.

Júnior Leal
Enviado por Júnior Leal em 21/09/2009
Código do texto: T1822679
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