HOJE É A NOITE DOS MASCARADOS
Hoje é a noite dos mascarados
Visto-me bem distante e sólido
Minha máscara de gala forjada
Forçando-me a sorrir de raspão
Sou o príncipe dos olhos apressados
Com cautela me desespero, paro:
estendo-lhe a mão
Hoje é a noite dos desamparados
Cruzo os dedos a me duvidar
Onde foi parar meu juízo?
Quantos pecados posso lhe servir?
Hoje é a noite dos enjaulados
Com garfo ou remorso, a máscara vai cair
Trouxe um fardo pesado, corpo cansado
Outra vez deixo cair uma ofensa
Os bons modos ficam junto às chaves
Cedo ou tarde ainda me reconheceria
Sou eu quem chacoalha as mãos de medo
Fecho os olhos na vermelhidão
Atravesso da língua aos dedos
Deslizo-te a mão de uma morte
Vou revisar alguns sintomas
Enfeitar meu sonho crespo
Embriagar-me de chuva mista
Hoje é a noite dos anestesiados
A sua máscara pesada, o seu teto de vidro
E eu meio tingido