MINHA PRIMEIRA MORTE

um crime passional,

na esquina da vida,

em um bairro central,

por motivo fútil.

mate a fome,

com chá de mate,

sanduiche de lobisomem.

faça algo útil,

roube as rosas negras,

do cemitério local.

quebre as regras,

chute o balde,

chega de sacanagem.

crie coragem,

chupe um drops

de morfina,

sorvete de absinto,

sinto um mofo

na garganta

profunda.

cometas no céu de Bagdá,

dá vontade de não ir

para lá,

vir para o beco

da favela,

com a turma

banguela,

esperar que viremos pó,

pó seremos,

um dia,

ou noite...

melhor que ficar só,

no meio do povo,

a língua como açoite,

na boca um ovo

de naja,

reaja,

aja,

já!...

[gustavo drummond]